quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A falência da democracia

Numa altura em que se discute tanto a eficácia da democracia, é relevante pensar nos valores que esta representa. Da sua tradução, «o poder do povo», entende-se que será este a ter a última palavra nas decisões, a poder escolher. Mas será literalmente assim?
Não é preciso ir muito longe no tempo para constatar as profundas crises e discórdias que se têm gerado no país nos últimos meses. A avaliação de professores, o novo regime de faltas para os alunos, a própria reforma do ensino especializado da música, são alguns dos exemplos mais actuais na área da Educação. E, apesar dos protestos, as suas preces parecem não ser ouvidas.
Recentemente, a actual líder do Partido Social-Democrata, Manuela Ferreira Leite, fez algumas declarações um pouco irreflectidas sobre o estado da democracia, chegando implicitamente a afirmar que um regime ditatorial poderia ser a solução para a “desordem” no país.
Mas se é verdade que a democracia já deu provas de falência, também é certo que as anteriores formas de governação falharam.
O caminho está, portanto, em olhar em frente, aprender com o que de melhor se fez, e não cometer os mesmos erros do passado.
Será assim?

3 comentários:

Eduardo Fafiães Peres disse...

A democracia termina no momento em que o cidadão deposita o voto na urna. A partir daí, o poder é delegado num representante.
A Manuela Ferreira Leite - com uma afirmação que tem tanto de impopular como de realista, basta visitar os manuais, deu um tiro no pé, legitimando a política do executivo socialista. Basta aguarda que o PSD garanta uma alternativa eleitoral, visto que à direita só há o partido do taxi (CDS) e à esquerda o marxismo-leninismo obsoleto e folclore médio burguês do bloco.

Felicidades:)

Madalena S. disse...

O grande perigo de se considerar que estas afirmações podem ser impopulares mas são realistas reside no facto de que é muitas vezes assim, pé ante pé, sem se dar por isso, sem dar muita importância à coisa que um dia acordamos e ups! Afinal não podemos abrir a boca! Não podemos dizer que está mal. Não podemos exigir o que são os nossos mais elementares direitos.
Foi assim que o Salazer chegou ao Poder. Ele não começou por ser ditador. Começou por ser Ministro das Finanças. Para pôr ordem no país. E não é que até conseguiu ordenar as finanças?! E conseguiu-o tão bem que uns anos depois estava tudo ordenado, como carneiros em fila, guardados por cães ferozes que mordiam todo e qualquer um que tentasse sair do alinhamento.
Eu cá ainda me lembro muito bem. O problema é que muitos nem sequer conheceram essa época e têm dificuldade em acreditar no que se lhes diz. E outros - e isso é bem mais grave - têm memória curta e preferem esquecer-se e achar mais ou menos inofensivas as afirmações do calibre da que a MFL fez. Acreditem e fiquem atentos - esta senhora é tudo menos inofensiva.

Eduardo Fafiães Peres disse...

O problema não são os seis meses de poder absoluto, mas o facto de o ser humano não conseguir entendê-lo de forma provisória.

ps. Gostei da visita, mais do que da Manuela, embora aprecie mais as vestes da fotomontagem do que os discursos da futura ex líder do PSd.